Por acaso, o caro leitor já fora à
Amazônia? “Chegou ao Pará, parou, tomou açaí e ficou”, como nos belos versos
cantarolados por Pinduca na Avenue des Champs-Élysées, em Paris, como uma das
marcas da exportação da cultura das águas paraenses, no caso específico, a
dança sensual do carimbó.
Para quem pensa que a Amazônia é
formada apenas e simplesmente por tribos indígenas, pororoca, onça pintada,
pistoleiros que adoram derrubar sindicalistas a cada virada da lua, precisa
conhecer um pouco mais as delícias que se encontram abaixo da linha do equador,
tais como, a praia de água salgada mais bela do Brasil – Atalaia, que se
encontra ao norte do estado do Pará, no município de Salinópolis; o santuário
das águas – Alter do chão, no município de Santarém, às margens do rio Tapajós;
os belíssimos versos de Ruy Barata; a doce e encantada musicalidade de Nilson
Chaves; o Jornal Pessoal do jornalista Lúcio Flávio Pinto, com toda sua criticidade aguçada
e imparcialidade exuberante, bem como, a quarta maior feira do livro em
território brasileiro, no caso, a Feira Pan Amazônica do Livro, realizada na
capital das mangueiras – em Belém, no Hangar, centro de convenções da Amazônia.
Estive lá no início de setembro. E
apesar da dúvida, entre a Bienal do Rio e Feira Pan Amazônica do Livro, em
Belém: fui um dos quatrocentos e vinte mil participantes desta última, que teve
como país homenageado, a Itália, trazendo no bojo, a voz excitante da cantora
Mafalda Minozzi, além de homenagear a poeta belenense, de noventa e três anos,
Dulcineia Paraense, um dos nomes atuantes do modernismo marajoara, autora de
poemas belíssimos, tais como, “O destino do silêncio”, “Símbolo” e “Retrato”,
que na juventude, além de poeta, era cantora lírica, cujas mãos, passeavam
levemente nas teclas do piano.
Só uma coisa me intriga quando se
fala em feira do livro – por que não termos, ao invés de feira do livro em
caráter anual, termos feira do livro que seja diária – e que seja por vinte e
quatro horas, desde os primeiros sorrisos do sol, até o último piscar da lua.
Pois, já que estamos tão carentes, quando o assunto se relaciona à leitura,
apresentando apenas 1,7 livros em média de leitura por cada jovem brasileiro,
por que não, então, fazer de cada cidade uma casa permanente de leitores!
Mas, enquanto isso, o governo
federal, através do Ministério da Educação, prefere distribuir camisinhas nos
pátios escolares, como está previsto a acontecer, do que entregar um livro
diário a cada criança. Depois alguém fica procurando os porquês do fracasso em
matéria de leitura e produção textual em nossos adolescentes, como se a culpa
fosse pura e simplesmente do coitado do professor: lousa, saliva e giz.
Então, enquanto a educação não é
levada a sério por nossos governantes, que tal um feira de livros: uma aqui,
outra ali, e assim vamos, de norte a sul, correndo atrás dos salões, feiras e
bienais do livro, sem esquecer, é claro, como toda mídia do centro-sul do país,
que na Amazônia, além do carimbo que apaixona os franceses, há também, uma
grande feira do livro – a Feira Pan Amazônica do Livro em Belém do Pará. O
único problema é saber se você vai, antes ou depois da chuva das quatro.
Profº. Robson Luiz Veiga
Livros não foram feitos a ficar nas
estantes; antes,
porém, passar de mãos em mãos.
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